20 dezembro 2006

Caixa de sapato

Houve uma época em que eu realmente sentia o espírito...
Claro, durante toda infância era praticamente um frenesi, onde eu acompanhava desde fins de Novembro a tosquíssima contagem dos intervalos do SBT. (Lembra? Faltam XX dias para o Natal!!!)
Montava árvore e presépio. Ensaiava canções natalinas no colégio. Fazia lista de pedidos. Desenhava cartões.

Depois - quando eu já sabia bem que o Papai Noel era sim gordo e de barba branca, mas tinha o mesmo sobrenome que o meu - ainda curtia a coisa toda e me empenhava fazendo biscoitos, embrulhando pacotes e riscando intermináveis listas de outras atividades festivas.
Organizar amigo-secreto. Comprar roupa branca e lingerie nova. Enviar mensagens. Definir objetivos para o próximo ano.

E então, nada...
Irritação com shoppings lotados e compras desenfreadas. Fundos reduzidos. Cansaço. Muito cansaço.
Eis que não queria festa nem presente, nem felicitações nem resoluções. Só uma caixa de sapato pra entrar e me esconder até essa loucura toda de Boas Festas passar.

Mas de 1955 me disseram*:

"É preciso — é mais do que preciso, é forçoso — dar boas festas, trocar embrulhinhos, querer mais intensamente, oferecer com mais prodigalidade, manter o sorriso e, acima de tudo, esquecer tristezas e saudades. (...)
Dos planos de cada um, pouquíssimos serão transformados em realidade. (...) O melhor, portanto, é não fazer planos. Desejar somente, posto que isso sim, é humano e acalentador.
De minha parte estou disposto a esquecer todas as passadas amarguras, tudo que o destino me arranjou de ruim neste ano que finda. Ficarei somente com as lembranças do que me foi grato e me foi bom.
No mais, desejarei ficar como estou porque, se não é o que há de melhor, também não é tão ruim assim e, tudo somado, ficaram gratas alegrias. Que Deus me proporcione as coisas que sempre me foram gratas e que — Ele sabe — não chegam a fazer de mim um ambicioso.
Nada de coisas impossíveis para que a vida possa ser mais bem vivida. Apenas uma praia para janeiro, uma fantasia para fevereiro, um conhaque para junho, um livro para agosto e as mesmas vontades para dezembro."

E eu abri a caixa.

Ho, ho, ho, e tudo o mais...

* Sérgio Porto, o Stanislaw Ponte Preta, em crônica publicada na revista "Manchete" nº. 193, de 31/12/55.

06 novembro 2006

EPIPHANIA

Soma de muitas coisas... Imagens do ano passado que parece que aconteceram ontem, uma briga, uma viagem, novos personagens no seriado.
Pedaços de uma fuga que precisava ser feita e de um livro que todo mundo deveria ler.
E a revelação.

Acredito em quem escreve á um jovem poeta quando diz que "Os homens, com o auxílio das convenções, resolveram tudo facilmente e pelo lado mais fácil da facilidade; mas é claro que nos devemos agarrar-nos ao difícil. (...) O fato de uma coisa ser difícil deve ser um motivo a mais para que seja feita.*
É óbvio que a vida verdadeira é contada por Nelson Rodrigues. Motivos pra sofrer estão na prateleira e eles são a escolha fácil.

A estrada menos percorrida não leva pra longe, aproxima.
Sou eu quem decido se gosto ou não de você e não o que você fez pra mim.
Vou dizer o que você não quer ouvir porque me faz bem e você precisa. Não porque eu esteja sempre certa, mas porque já estive errada vezes sem conta.
Acredito que o universo equilibra, e se eu resolver os seus problemas os meus se dissolverão em álcool ou ficarão tão pequenos que pisarei neles...
Serei a amiga que eu queria ter, mesmo que você não mereça.
E se não for possível, vou-me embora satisfeita porque fiz tudo o que podia.

Se antes eu era feliz e não sabia, agora eu sou feliz porque sei.
E por que eu quis assim, não por que foi o que aconteceu...

* "Cartas á um jovem poeta" de Rainer Maria Rilke

12 outubro 2006

Ovelha Negra

Levava uma vida sossegada
Gostava de sombra e água fresca
Meu Deus quanto tempo eu passei
Sem saber
Foi quando meu pai me disse filha
Você é a ovelha negra da família
Agora é hora de você assumir
E sumir
Baby baby
Não adianta chamar
Quando alguém está perdido
Procurando se encontrar
Baby baby
Não vale a pena esperar, oh não
Tire isso da cabeça
Ponha o resto no lugar

R.Lee

02 outubro 2006

Me pergunta se eu vou...




SEGUNDA, 9 de Outubro, 22h

SEGUNDA MALUCA: WANDER WILDNER

Segunda Maluca apresenta Wander Wildner e banda
abertura: Os Horacios e Stuart (Blumenau

Opinião (José do Patrocinio, 834)

Ingresso antecipado: R$10,00 na Lancheria do Parque
(Av. Osvaldo Aranha, 1086. Fone 3311-8321)
Ingresso na hora: R$15,00
ceva em dobro até meia-noite!

29 setembro 2006

Da série "Se você não pode vencê-los..."

(tá, se não quiser se juntar com essa corja também há a opção de fazer de conta que não é com a gente e ignorar total. - Sim, eu escolhi viver em uma realidade paralela!).

O fato talvez seja que NÓS estejamos errados...

Veja bem. Uma eleição para presidente em que não se encontra UMA pessoa que justifique seu voto com convicção maior do que "Escolhi o Cristovam Buarque porque ele gosta de tapioca..." (é, essa é a minha justificativa e eu acho que é válida!!!) talvez signifique que deveríamos ter levado De Gaulle em consideração quando ele disse que o Brasil não é um país sério. Quem sabe a vocação de nossa nação é mesmo de ser uma republiqueta de bananas e está na hora da gente refletir se o Veríssimo não foi um visionário quando propôs que deixássemos logo de hipocrisia e comemorássemos Carnaval o ano inteiro ao invés de somente por quatro dias.
Afinal faria mais sentido dizer que o presidente é Ex-metalúrgico se minha profissão fosse Odalisca... Hein? Daí, em Fevereiro, minha irmã, por exemplo, saía fantasiada de arquiteta, com uma régua "T" toda de lantejoulas pretas e um capacete de obras dourado. Durante o ano cumpriria expediente de Tirolesa Estilizada.
Quem tem um bom candidato que me venha com uma idéia melhor...

22 setembro 2006



Setembro veio e quase foi de um jeito esquisito...

Calafrios de cemitério, teorias sobre o amor e doces de parque de diversão e uma mega holding de carrinhos de churros.

Vejo uma luz no fim do túnel!!!

TO HERE OR TO TAKE AWAY?

29 agosto 2006

Pensando bem...

...se 31 é o contrário de 13, então esse será o meu ano de sorte!!!!

Sim, é preciso muito pensamento positivo pra enfrentar mais um aniversário...

26 agosto 2006

Se Plutão não é mais um planeta, como ficam as 13 luas do calendário Maia?

Isso e outras questões de suma e vital importância que aparentemente não foram contempladas quando se tomou essa decisão inconseqüente e arbitrária... Sem nem me avisarem nada!!!

Como fica meu mapa astral? Se Plutão não tem cacife pra ser mais do que um mero corpo celeste, tendo sido rebaixado para uma terceira categoria junto com outros "objetos" de meia tigela do tipo de um tal de UB313, como poderia exercer alguma influência numa casa astrológica da minha vida? Inaceitável... (Não é a toa que as coisas não estavam dando certo!!!)
E a frase "Minha Vó Tem Muitas Joías, São Usadas No Pescoço", fica como? No mínimo sem sentido se tirarem o pescoço da velha fora...

OK, é bem verdade que Plutão não era lá grandes coisa como planeta. Desde que foi descoberto, há 76 anos atrás (e sorte que o cara já morreu, senão estaria no mínimo chateado...) ele sempre foi frio e distante, e insistia em um órbita diferente, não parela nem a Terra e nem a mais ninguém. E andava diminuindo de tamanho! Da última vez que checaram estava menor do que a Lua e perdendo feio até para o tal objeto Useiládasquantas...
E se for se pensar bem, caso se considerasse este rebelde como parte do primeiro grupo, quantos outros tantos com mais potencial não viriam reivindicar os seus direitos planetários? Não quero nem pensar como ficaria a frase para decorar os nomes na ordem...

Em termos práticos o que me preocupa é que minha semana passada foi uma bela de uma droga - demissão, encontros trágicos, invasões domiciliares, jantares carbonizados e tudo o mais que pode ser qualificado como inferno astral, exatamente como a astrologia prevê que deve ser na semana que antecede nosso aniversário... Contudo, porém, todavia, isso tudo foi antes de Plutão ter sido vil e cruelmente desclassificado, no dia 24 de agosto, quinta feira, e desde então as coisas estão estranhamente calmas.
Cabe chamar atenção ao fato de que este era um planeta cujo simbolismo astrológico remete à morte, aos grandes cataclismas ou às grandes transformações da humanidade. Ele sempre age silenciosamente e então, de súbito, surge transformando toda uma era, chacoalhando a vida dos indivíduos. E muda tudo na mão grande, na pancada.
Notem que Plutão está sentindo o próprio veneno de seu simbolismo misterioso e sub-reptício. Acaba de ser aviltado, humilhado e rebaixado pelos cientistas sem aviso prévio.

Mas e se ele resolve se vingar?

(De minha parte, minha avó continuará usando suas jóias no PESCOÇO!!!!)

04 agosto 2006

HOJE eu acredito...

"É noite alta e eu caminho, o meu destino eu mesmo traço
Ouço vozes muito distantes, alguma coisa vai acontecer
Estrelas mudam de lugar, o vento sopra os meus cabelos
Vejo luzes muito distantes, aperto o passo e vou em frente

Eu acredito em milagres
Eu acredito num mundo melhor pra mim e pra ti

Agora tudo está mais calmo, eu me aproximo do lugar
Esperei por muito tempo, cheguei quase enlouquecer
Eu acredito em milagres, e num mundo muito melhor
Aqui ou em outro planeta, é só querer acreditar

Eu acredito em milagres
Eu acredito num mundo melhor pra mim e pra ti

Fecho os olhos estou tranqüilo
Você pega a minha mão
Me conduz até a entrada
Meu corpo treme de emoção "

Versão do mestre WW para o clássico "I believe in miracles" dos mestres "The Ramones"

Show acústico ontem no Ocidente e mais dois novos fãs convertidos...
(Eu, Sara e Miltinho, achando tudo muuuuuuuuito engraçado!)

30 julho 2006

O melhor do mau-humor



Essa campanha do Citi acabou com a minha semana...
A intenção deles parece ser trazer um apelo mais saudável na relação com o dinheiro, mas eu não vi nenhum fundamento nesse outdoor que colocaram na esquina da Benjamin Constant com a Cristovão Colombo, bem no meio do meu caminho.

Me fez sentir sem propósito na vida e velha.
Obrigada Citibank.
Vou manter a minha conta no Bradesco.

15 julho 2006

Se eles precisavam de ajuda imagina eu...

"Help, I need somebody,
Help, not just anybody,
Help, you know I need someone, help.

When I was younger, so much younger than today,
I never needed anybody's help in any way.
But now these days are gone, I'm not so self assured,
Now I find I've changed my mind and opened up the doors.

Help me if you can, I'm feeling down
And I do appreciate you being round.
Help me, get my feet back on the ground,
Won't you please, please help me?

And now my life has changed in oh so many ways,
My independence seems to vanish in the haze.
But every now and then I feel so insecure,
I know that I just need you like I've never done before.

(...)

Help me if you can, I'm feeling down
And I do appreciate you being round.
Help me, get my feet back on the ground,
Won't you please, please help me, help me, help me, oh. "

05 julho 2006

I got a plan...

...mas é secreto.

Quando der certo eu conto!

27 junho 2006

Cala a boca Galvão!

Cinco motivos para acompanhar a Copa do Mundo mesmo quando normalmente não se dá a mínima para futebol:

1) É a ÚNICA COISA que presta para ver na TV, parece que nada mais acontece ou importa no mundo além do peso do Ronalducho... (Notaram que o Gordo nunca tira a camisa no final da partida? Falta de espírito esportivo ou excesso de banha?);

2) Rende assunto interminável em QUALQUER RODINHA, seja na academia, na reunião de condomínio, no salão de beleza ou nas entrevistas de emprego... Todos tem alguma opinião e a sua também sempre é bem vinda! (Nunca pensei que eu saberia o que é o "Quadrado Mágico"...);

3) Os jogos são um EVENTO SOCIAL! Mesmo quando a partida envolve times lá do outro lado do mundo os horários são deveras convenientes e sempre é um motivo para reunir os amigos para beber alguma coisinha (Quatro horas da tarde de uma Quinta-feira? Bom momento para um Cabernet...);

4) Não importam as diferenças de quem reprova a formação com Ronaldo e Adriano no ataque, quem quer o Ronaldinho Gaúcho na frente e o Robinho no lugar do camisa 7 ou dos que acham
que milagre vai ser o Zagallo chegar vivo na semi-final... Todos concordam que o GALVÃO BUENO É UM INSUPORTÁVEL!!! (Por que será que ninguém muda o canal?);

5) Que Kaká que nada... Quem já viu o Ljungberg da Suécia e o Simic da Croácia? Isso sim que é atacante!!! (Tá, eu sei que eles são meio-de-campo e defesa...) Aliás, muito injusta a desclassificação dos dois. Ainda bem que a seleção da Itália ainda está jogando!!! E a da Alemanha. E da Inglaterra. E...

P.S.: Não viu???? Pelamordedeus, passa lá minha filha!!!!
http://www.dariosimic.com/
http://www.calvinklein.se/images/ljungberg_ny.jpg

25 junho 2006

Porque hoje é Sábado

Sim, tem noites que eu não durmo.
Nesta Quarta-feira eram quatro da manhã e eu tive uma idéia melhor para arrumar meu armário. Insônia produtiva...
Antes do surto de organização eu ainda tinha passado horas dependurada na internet: pesquisado roteiros de viagem (alguém se interessa em ir para Parintins ano que vem?), batido muito papo furado on-line e terminado três trabalhos pendentes.
E agora, aqui estou eu de novo, e fico pensando... (que perigo!)
As modernidades dessa e-vida estão modificando o meu relacionamento com o mundo!!!
Sabia que as conversas no MSN ficam gravadas em recônditos obscuros do computador? Descobri que eu tenho o registro de coisas que eu preferia esquecer mas o laptop do Moschetta deu um jeito de guardar.
Sabe quanto tempo dura uma ilusão? Hoje eu sei a data de início e do fim da última vez que eu tentei me enganar...
E agora também posso entrar no sistema de mensagens instantâneas fingindo que eu não entrei e mesmo assim falar com quem acha que eu não estou lá!!! Não é o máximo? Ninguém mais vai saber que estou em casa sem fazer nada Sábado de noite...
Lembra do vídeo fone dos Jetsons? Me dei conta que MSN com webcam é a mesma coisa!!!
Então, quando será que vão inventar o teletransporte? Estou aceitando testar uma versão Beta pra poder me mandar automaticamente pra algum lugar mais divertido!!! (Ai, eu sei que tinha a Festa Junina aquela, mas deve ter alguma coisa melhor pra fazer em outro lugar, longe desse computador...)

O que me lembra o poema do Vinícius, aquele (adaptado):

"Neste momento há um casamento
Hoje há um divórcio e um violamento
Há um rico que se mata
Há um incesto e uma regata
Há um espetáculo de gala
Há uma mulher que apanha e cala
Há um renovar-se de esperanças
Há uma profunda discordância
Há um sedutor que tomba morto
Há um grande espírito-de-porco
Há uma mulher que vira homem
Há criançinhas que não comem
Há um piquenique de políticos
Há um grande acréscimo de sífilis
Há um ariano e uma mulata
Há uma tensão inusitada
Há adolescências seminuas
Há um vampiro pelas ruas
Há um grande aumento no consumo
Há um noivo louco de ciúmes
Há um garden-party na cadeia
Há uma impassível lua cheia
Há damas de todas as classes
Umas difíceis, outras fáceis
Há um beber e um dar sem conta
Há uma infeliz que vai de tonta
Há um padre passeando à paisana
Há um frenesi de dar banana
Há a sensação angustiante
De uma mulher dentro de um homem
Há uma comemoração fantástica
Da primeira cirurgia plástica
E dando os trâmites por findos
Há a perspectiva do Domingo"

(Claro que não sei de cabeça, peguei no Google...)

16 junho 2006




De inspiração alheia.... (Dá uma conferida no link novo, do Fotolog da Beta)

08 junho 2006

"Chassez le réel, il retournera au galop"

Hummm.

"A vida que me ensinaram como uma vida normal
Tinha trabalho, dinheiro, família, filhos e tal
Era tudo tão perfeito se tudo fosse só isso
Mas isso é menos do que tudo,
É menos do que eu preciso"

Recebo e-mails das minhas amigas da época do colégio me contando como a vida delas está maravilhosa e esse verso de música não me sai da cabeça.
Como diria, sabiamente, a minha mãe: ema, ema, ema...

Dois.

Mário Quintana esteve me perseguindo umas duas semanas.
Deixou pra mim uma inspiração:

"Não, não tomes um pifão!
O melhor para amores mal correspondidos é uma feijoada completa. Enquanto a estiveres jiboiando, como é possível pensar na ingrata, como é possível pensar no que quer que seja, como é possível pensar, em suma? Há também o recurso de uma bela bacalhoada à portuguesa."
Da preguiça como métode de trabalho: conselho a um romântico tardio, p. 58.

Mais uma vez provado e comprovado que a Cuca é que sabe das coisas...

Três.

E o melhor de tudo é esse ditado francês do título, que eu achei lendo um manual de linguagem (Sim, Oficina Literária do Charles Kiefer é para vida e para saber!!!) e que, literalmente, pode ser traduzido como "Expulsa a realidade, ela volta a galope", mas que ficou melhor adaptado como "Jogue a realidade porta afora e ela voltará arrombando a janela".

...

Ah, vê se tem como não ficar feliz ouvindo aquela musiquinha do Animal, dos Muppets?

"Manamanã
Tchutchuru, tchuru
Manamanã
Tchutchuru, tchuru
Manamanã
Tchutchuru, tchuru, tchururu,

Tchururu,tchururu, tchururu, rururú..."


http://video.google.com/videoplay?docid=-3783432027460701715




27 maio 2006

CORPORATIVISMO

Meu amigo Fabiano é daquelas pessoas falantes e animadas, que conhece todo mundo e tem um milhão de amigos, mas está sempre disposto a fazer mais um.
Pois o janelão da sala do apartamento onde o Fabiano mora dá de frente para os quartos do prédio do lado, onde tem uma jovem solteira que ele resolveu incluir no seu círculo de amizades.
Começou cumprimentando quando via a vizinha na janela, já que sempre foi um rapaz muito educado mesmo. Logo, logo, abanos e sorrisinhos e a proximidade das janelas proporcionaram diálogos mais completos e o número do telefone da moça. E ao cabo de uma semana uma série de telefonemas rendeu um convite para tomar um vinho na casa dela.
Fabiano se armou de duas garrafas e toda sua simpatia, e antes de terminar a segunda já tinha ganhado uma nova amiga. Íntima.
Seria então mais um romancezinho ordinário de fim de semana, se o celular da dita cuja não tivesse interrompido o transcorrer da noite e ela não houvesse atendido se desculpando que não sabia quem era, porque o identificador de chamadas não estava funcionando e podia ser a família, ligando do interior, que se ela não respondesse iam ficar preocupados e coisaital...
Passou-se que não era nenhum familiar querendo notícias do outro lado da linha, mas o ex-namorado, que por acaso também é vizinho e mora na cobertura do edifício dela. Que, de fato, não ficou muito tranqüilo quando a guria comentou que estava em casa sim, mas não podia falar porque estava tomando um vinhozinho com um amigo. Por isso mesmo a mocinha não quis atender ao telefone de casa quando começou a chamar, tirando o aparelho da tomada pra não incomodar. E o Fabiano achou que era melhor mesmo eles irem para o quarto, quando o interfone do apartamento tocou insistentemente. E os dois concordaram em se fechar no dormitório pra não ouvir a campainha e as batidas na porta da frente. E nem teriam ouvido mais coisa nenhuma, se o ex-namorado da moçoila não fosse mesmo um sujeito muito apreensivo e não tivesse pedido á síndica do edifício uma cópia da chave, que a gentil senhora mantinha pra regar plantinhas quando a menina ia visitar os parentes fora da cidade.
Mais tarde, pondo os assuntos em dia com a vizinhança a mulher justificou-se, dizendo que o rapazote era um moço de família e pareceu muito nervoso com a possibilidade de que a jovenzinha estivesse passando alguma dificuldade, já que não respondia porta ou telefone.
Pra mim o Fabiano contou que o cidadão já invadiu o quarto de casal aos berros e que não se acalmou em nada com a cena com que se deparou... Que foi por pouco que ele se escapou do primeiro golpe, já indo na direção da sala de estar, mas que não teve como se esquivar do segundo, enquanto vestia as calças que estavam no tapete. Diz que pensou que o melhor era deixar que o casal se acertasse, e teria ido embora sem sapato e camisa, se não tivesse percebido, já no hall do prédio, que não tinha como sair. Estava sem as chaves, que tinham ficado junto com o resto das suas roupas, e ainda que as tivesse, não tinha como deixar o edifício da garota, que estava devidamente trancafiado, naquela altura da madrugada. E ouvindo o quebra-quebra que seguia no apartamento, decidiu que deveria voltar pra apaziguar os ânimos, e achou que o extintor de incêndio do corredor poderia ser de alguma utilidade.
Na versão da síndica fofoqueira, o extintor estava mesmo com o Fabiano quando ela o encontrou subindo a escada, mas as calças não. Nem nenhuma outra peça de roupa... Claro que ela não se demorou observando mais detalhes, que é uma mulher direita e estava apressada indo ao Pronto-Socorro levar o morador da cobertura pra tomar pontos, depois que a moradora do primeiro andar tinha encerrado a confusão acertando uma samambaia de jeito na testa do coitado.
O fato é que o Fabiano voltou ao apartamento pra pegar as coisas dele, encontrou tudo de pernas pro ar e a vizinha bastante abatida, mas não achou nem os tênis nem o relógio importados que estava usando até a metade da segunda garrafa de vinho. Descobriu que tinham voado pela janela, no meio do qüiproquó e que a função toda ainda tinha lhe custado uns mil reais, por baixo. Naquela noite o Fabiano não dormiu quase nada, embora não tenha sido por preocupação e sim na ocupação de enfim, consolar a nova amiga... Bem consolada.
No dia seguinte, curando a ressaca e a orelha inchada, pensou um bocado a respeito dos fatos e considerou-se prejudicado, já que sóbrio a vizinha não era grande coisa mesmo e ele agora estava descalço e sem horário. Não se conteve e, antes de me ligar para contar toda a história, telefonou pra cobertura do vizinho e deixou um recado reclamando do seu prejuízo.
Eu, que sou a dona do apartamento onde ele protagoniza essas aventuras, acreditei que ele ia ter que se mudar, ou correr sérios riscos de receber uma floreira na cabeça, vinda lá dos altos do prédio ao lado. E fiquei bastante preocupada com as possibilidades de uma vingança no estilo violento-psicopata que parece ser a onda da vizinhança, contra o meu inquilino.
Mais tarde, durante o jantar, relatei o ocorrido na mesa e meu pai concluiu, entre gargalhadas e dentadas do seu sanduíche, que o que se aprendia disso era que nenhuma mulher prestava mesmo – apesar dele mesmo ter criado três e chamar de “Meu amor” uma nova candidata a (terceira) esposa. Sentenciou que os dois inocentes homens envolvidos tinham sido ludibriados pela desalmada da vizinha, que era uma bela de uma sirigaita. Conclusão essa que, veja bem, duas de suas filhas presentes ao jantar – no caso eu e minha irmã do meio, não só não contestaram como imediatamente apoiaram e endossaram com comentários desabonadores sobre a participação feminina no causo.
Na verdade não foi muita surpresa quando mais tarde o Fabiano me telefonou contado que o ex-namorado tinha retornado sua ligação para lhe pedir desculpas pelo lamentável incidente, que afinal ele tinha perdido a cabeça com a sem-vergonhice da ex-namorada, mas não devia jamais ter agredido o coitado do Fabiano, uma outra vítima da bandida.
No final o Fabiano já nem se importou tanto com os danos morais e materiais do sucedido e terminou a chamada combinando um choppinho com o seu mais novo amigo, o vizinho da cobertura.
Interessante mesmo foi o comentário conclusivo e consternado, de uma outra amiga pra quem contei a história: “É por coisas assim que as mulheres ainda não dominaram o mundo!”.

23 maio 2006

Ah, sempre enfim! Encontrei o que procurava por aí escondido em mim...

Hoje eu vinha caminhando pela rua quando vi uma floricultura chamada “Sapato Florido”.
Assim, sem mais nem menos... Eu vinha andando, digerindo o almoço tardio e minhas novas resoluções pra semana e de repente, ela estava lá. Numa daquelas transversais da Protásio em que se procura lugar pra estacionar e nunca tem.
E então eu sorri. Porque não creio que seja possível outra reação diante disso – uma loja de flores com nome de livro de poesia.
E pensei que talvez alguém tenha dito, ou eu mesma tenha intuído, mas que o certo é que a felicidade é uma forma de loucura...

18 maio 2006



E ainda me perguntam porque eu não como carne...

14 maio 2006

...e enfim

III

Da janela da sala ele podia ver o quarto da moça solteira no condomínio vizinho. Era filha do homem grande que nunca estava em casa e também estava acordada desde cedo, mas não havia deixado a cama. No meio da manhã já haviam se acumulado pilhas e pilhas de folhas de papel escritas sobre as cobertas em desalinho dela. Agora a tarde já ia pelo meio, e apesar de estar de folga ele não havia saído para aproveitar o dia luminoso, recusando o convite da noiva num telefonema curto e monossilábico, os olhos fixos na casa vizinha.
Não se conheciam apesar de freqüentarem a mesma academia. Nunca tinham se falado, mas ele havia ouvido a conversa dela por sobre os halteres, contando de outros lugares e viagens internacionais. A moça andava de óculos quando estava em casa e devia ser jornalista ou escritora, sempre cercada de livros grossos e escrevendo em cadernos ou no computador portátil.
Ele, todo mundo sabia quem era, é claro. Ainda assim não era de papo. Mesmo nos jogos, embora estivesse se destacando cada vez mais no time, não era nunca abordado pelos repórteres esportivos, que já conheciam sua fama de recluso e acabrunhado. Não se importava mesmo com isso, desde que tivesse agradando o Professor e a torcida. No fim, quem contava eram eles. Para eles tinha conquistado todos os campeonatos até aqui e assim também havia garantido os contratos de publicidade que tinham lhe valido a casa confortável e a vida folgada.
Mas alimentava uma inveja secreta e doída da moça que escrevia. Não dessas viagens que havia de ter feito pra outros países e contado nos livros, jornais e revistas. Sabia que poderia viajar um dia também, pois já se falava de um time árabe sondando sua posição lá no clube. Contudo tinha certeza de que nunca poderia escrever ou nem mesmo falar sobre isso.
Letras formando palavras e depois frases inteiras, saindo de sua boca ou perfiladas em linhas impressas. Isso era assustador e ele não poderia enfrentar. Ele que tinha sido eleito o zagueiro do ano e que desde criança no colégio não perdia uma dividida. Tinha medo da moça, das palavras e agora estava preso em uma janela.
Porque a vida tinha que ser assim?

10 maio 2006

Mais...

II


- Demorei, mas cheguei, Zé, jogo do timão, sabecumé...
- Opa, Rudi! Eu tava ouvindo os gritos daqui... Mas eu nem posso vê nada preso dentro dessa guarita quente, né? Eu não via a hora de sair daqui...
- Vim te rende, então, home! E esse pacote aí é pra casa nove? Sabe se a moçinha tá em casa?
- Ué, deve de está, né? Não sai nunca...
- É eu não vejo muito ela mesmo, mas sempre está com roupa de ginástica quando passa aqui. Será que não é professora da academia ali debaixo, não?
- É uma antepática, isso sim... Nem me olha na cara quando me vê...
- Oh, Zé, essa gente aí é tudo metida... Se acham melhor que quem não tem estudo.
- Ah, bom, disso nem posso reclamá , não... Passei o tempo todo de colégio pensando no recreio mas também não aprendi a jogar bola direito pra podê ganhar dinheiro de outro jeito... E agora, se quisé comê, tenho que ficá o dia todo preso aqui nessa casinha abafada, aturando gente metida. E achando bom!
- É Zé, e fazer mais o quê? A vida é assim mesmo, né?
- Nem me importa, mesmo. O que vale é que chego a hora de eu ir, e eu tô caindo fora... E que eu não jogo, mas meu time vai sê campeão!!!

09 maio 2006

A point of view

Atendendo a pedidos da massa dos meus quatro leitores, estou postando agora meu último exercício da Oficina, dividido em três partes.
A idéia é de praticar diferentes tipos de narrativa e eu decidi contar o mesmo fato, sob três diferentes pontos de vista, utilizando no I um narrador em primeira pessoa (através do protagonista), depois no II o modo dramático (somente com diálogos) e por fim no III a onisciência seletiva (ponto de vista de um personagem, narrado em terceira pessoa).
Deveras erudito, pois não? Seu Moschetta nem pode reclamar do investimento nesse curso, que pelo menos me faz parecer entendida em alguma coisa!!!

xxx


"O tempo... horas de horror e tédio na memória..." Manuel Bandeira

I


O tempo assumiu uma nova dimensão. Agora lembro a todo o instante desses momentos bobos, que quando aconteceram não tiveram maior importância ou significado, mas estão como que gravados em película, repetindo sempre e sempre feito um filminho travado em minha mente...
Como o abraço que ganhei de um amigo que foi me visitar no café num dia de verão. Uma tarde de sol brilhando que me encontrou faceira de poder vestir saia e blusa sem mangas, mãos no bolso do avental, observando as mesas de fora da cafeteria com mais atenção, querendo aproveitar todo o possível a raridade que é a luz do dia naquela cidade bege. Sim, porque ao contrário do que se diz, metrópoles desprovidas de incidência solar freqüente não são acinzentadas. Na verdade elas adquirem tons de um amarelado esquálido, uma coloração como que de dunas de areia, os dias amanhecendo e entardecendo sempre num tom frustrante e estéril.
Mas naquela quarta-feira o astro rei dava o ar de sua graça e ele atravessou a rua sorrindo para mim. A distância que estava quando eu o vi se aproximando permitiu que eu tomasse impulso para arriscar um salto curto e então ser amparada nos seus braços abertos e seguir girando uma meia volta leve e perfeita, como um passo de dança em câmera lenta. Na verdade, acho que foi mesmo como essas cenas que a gente assiste no cinema e pensa “assim é como deveria ser a vida”...
Aconteceu há mais de meio ano em outro país, outra realidade - mas poderia ter sido ontem. Hoje, as cobertas me capturaram novamente e sussurros ardilosos do lençol argumentam que não há motivos para deixar a cama. A sucessão dos anos, dias e horas perderam um pouco do sentido e é engraçado como o tempo pode passar tão rápido quando nada acontece.
Esse ronco no meu estômago deve significar que perdi o almoço, e por isso vou ficar na cama até a hora de ir para ginástica. No caminho para a rua desviarei os olhos do porteiro para evitar julgamentos que eu mesma faria se estivesse no lugar dele, já que a ociosidade está estampada em meu rosto.
A página 1364 da minha edição capa dura do Aurélio me diz que “O tempo é um meio contínuo e indefinido no qual os acontecimentos parecem suceder-se em momentos irreversíveis”. O sol brilhou lá fora todos os dias deste Outono mas acontecimentos não se sucederam e eu estou irreversivelmente presa nestas linhas
.

05 maio 2006

Somewhere Over The Rainbow...


Parque Nacional da Serra Geral, Cachoeira do Tigre Preto - 01/05/06

19 abril 2006



Saudade do tempo que eu sabia de alguma coisa...

12 abril 2006

Especialização

Odeio quando me perguntam o que eu faço...
Fico com aquela cara de coitada explicando que não trabalho no momento, estou procurando emprego e ainda não pintou nada. Sempre me dá vontade de inventar alguma outra resposta bem louca, do tipo "Eu? Sou domadora de pulgas amestradas. Pois é, o mercado é meio restrito, mas realmente deveras recompensador."

Uma coisa que eu posso dizer que eu tenho feito atualmente, com suficiente propriedade diga-se de passagem, é pensar em tolices diversas. Tenho experiência bastante sólida no ramo da non-sense, baseada em uma vivência de muitos anos na área de disparates e afins, aliada a uma grande falta do que fazer e aguçada capacidade de reparar nos outros...

Por exemplo, na volta das férias (férias do quê, pelamordedeus!!!), minha posição de carona me proporcionou a incomensurável possibilidade de gerar abundante material na categoria parvoíce. Veja se alguém poderia, me fazendo o favor, explicar aqueles engarrafamentos que surgem do nada na rodovia, e se estendem por intermináveis quilômetros, esgotando totalmente a paciência dos motoristas e passageiros que estão ansiosos e aflitos para chegar aos seus destinos?
Sim, porque por mais que apreciemos os campos verdejantes que muitas vezes compõe uma bucólica paisagem rural de beira de estrada, o que interessa, ao fim e ao cabo é chegar aonde se vai (na maioria dos casos, é claro, mas esse não é o ponto!!!).
Verdade que eu mesma sempre tive um impulso, nunca concretizado mas quase irresistível, de um dia saltar pela janela do veículo em movimento e mergulhar no espaço verde. Por sorte, creio eu, refreei o instinto e, agora pondero a respeito de como quase todo o trânsito, sólido e pesado, acaba por desemanchar-se, virtualmente no ar.
Porque comigo, com efeito, ocorre assim: Está tudo vindo bem, o tráfico anda, o vento bate no rosto, as coisas fluem. De súbito, uma luz de freio, a gente lê a placa do carro da frente com perigosa clareza e o motorista do caminhão mais adiante já está descendo da boléia. Há uma fila de carros até onde a vista alcança, acompanhando a linha do horizonte.
Sôfregos nos perguntamos por que estamos parados: acidente grave? obra inconveniente? coincidência infeliz? E os minutos ou horas passam inversamente proporcionais á nossa pressa, num anda e para agoniante e infinito. Até que São Cristóvão perdoa nossas almas e permite que os automóveis avancem num vagar menos exasperante, se ganha enfim alguma velocidade, o ritmo retoma e... Levamos pela estrada afora nossas dúvidas e questionamentos, pois não se descobre jamais o motivo para essa parada ingrata.
Tenha dó e Dramin! Coisa muito triste... Quase que perturba minhas reflexões.

Outra questão que me acomete, nesses constantes momentos de vácuo cerebral, é o aumento descomunal da quantidade de Salões de Beleza e Pet Shops. Haverão tantas dondocas e lulus para suprir essa oferta descontrolada e crescente?
Na qualidade de desempregada ainda não (totalmente) desesperada, dou-me o luxo de frenquentar os primeiros em horários (teoricamente) insólitos, quando (hipoteticamente) o restante dos mortais conhecidos como força de trabalho pega no batente. Pois eis que encontro as ditas Estéticas fervilhantes de clientes!!! Moçoilas, senhoras e senhores (sim!) lotam as agendas e cadeiras de manicure e cabeleireiros de cabo a rabo e, me deixam perplexa e pensativa, folheando uma Caras enquanto minhas unhas não secam... Da onde vem o numerário que remunera essas luzes e francesinhas? De qual escritório fugiu toda essa gente? Será que posso mandar meu currículo???
Tenho algumas teorias para o caso dos salões, advindas da minha experiência profissional de estudo do comportamento do consumidor e de alguns papos que escutei na cadeira ao lado da minha quando o secador de cabelos estava desligado, mas realmente não entendo as veterinárias e Pet Shops. Será que alguma estatística aponta uma queda no número de nascimentos, diretamente ligada ao incremento das adoções animais? Talvez as mulheres carreiristas e os casais gays estejam substituindo a prole por fofos mascotes. O que não é de todo uma má idéia, já que os totós e bichanos provavelmente não dão tanto trabalho como um bebê e também não vão voltar pra casa aos trinta, ocupando o espaço da biblioteca e comendo todo o estoque de congelados... Mas isto poderia explicar a alarmante progressão geométrica desses estabelecimentos?
No trajeto entre minha casa e a academia (são menos de três quadras) se contam seis estéticas e quatro veterinárias. Haja banho anti-pulgas e escova progressiva!

Vai ver que se eu comprasse um hamster eu não pensaria tanta bobagem...

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Acabei de retornar de mais um magistral show do mestre WW!
Só posso lamentar a sorte de quem nunca assistiu...
Sim, apesar da conspiração universal, existem motivos para ser feliz e cantar!!!

07 abril 2006

TPM



Eu tento ser boazinha mas o mundo não permite...
Toda minha proposição de ser uma pessoa querida, simpática e de bem com a vida termina em poucas horas. Não há Yôga e positive vibrations que segurem a minha onda...
O universo conspira contra e me quer de mau-humor.
Que assim seja!

E pro inferno com a Prímula e o Prozac...

02 abril 2006

Funilaria

Consertei meus contos na Oficina...
Estão corrigidos nos posts originais!
Se alguém se interessar em fazer Oficina à distância, posso repassar as dicas do CK, por uma módica quantia... ;-)

26 março 2006

Help!

Alguém conhece HTML?
Me ajuda a consertar esse blog então...

22 março 2006

Conto de Quinta

E eis que o "Tema de Casa" de amanhã é escrever um conto partindo da seguinte frase, que deve ser suprimida depois:

"Quando acordou o dinossauro ainda estava lá."

Sim, e quem dorme com um dinossauro a espreita?
E quem escreve algo a partir disso?
Pensei em tanta coisa que fiquei bem perto de não escrever nada...
O que saiu foi isso:

" I*
Tudo permanecia intocado. As flores e os bombons, ambos subjugando-se ao calor.
Agora o bichinho estufado, encimando o conjunto, parecia um erro. No desespero, ele lembrou do comentário dela, na saída de um filme de ação:
- Eu não queria que ele tivesse morrido no final... Acho dinossauros tão fofos!
Não fora fácil encontrar um desses de pelúcia, mas ele não ia medir esforços para recuperá-la. E
smerou-se e mandou uma cesta enorme com presentes e um cartão pedindo desculpas. Muitas desculpas...
Durante toda a noite ficara a espreita no carro, em frente a casa da amada, esperando a hora que a moça saísse para receber os mimos.
Cochilou um pouco e o dia já amanhecia. A porta da frente não havia se aberto, mas ele estava certo que ela estava em casa e que tinha visto sua oferta de paz.
Mulheres! Tão difíceis de se entender...
Não queriam amor, carinho, um cara bacana ao seu lado?
Não gostavam de um sujeito decidido, que sabia o que queria e lutava pelos seus objetivos?
Não tem motivo pra toda essa birra então!
Ele era um lutador, e sabia exatamente o que queria.
Queria ela!
E queria a outra também...
Pena esse pormenor ter sido descoberto antes dele esclarecer tudo as duas.
Talvez o melhor fosse ter mandado uma jóia..."

*Corrigido em 02/04

Acho que vou pedir meu dinheiro de volta...
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E então, como ninguém estava entendendo nada e nem eu tinha gostado muito, resolvi escrever outro.
"II

Olhou em volta. O quarto era o seu mesmo. Ótimo.
As roupas atiradas ao redor também. Perfeito.
O chapéu côco de paetês pendendo do lustre não. Droga.
Virou-se devagar na cama, como que para ter certeza.
O dinossauro ainda ressonava profundamente ao seu lado.
Maldita festa a fantasia."

Vejamos o que o Charles K diz...
Ou se ele ainda vai falar comigo depois disso!

11 março 2006

Todo Carnaval Tem Seu Fim


(Warung - Praia Brava)

Ainda bem, devo acrescentar em nome da minha saúde, abaladíssima ao final dessa temporada Verão 2006.
Como tem acontecido nos últimos anos, esse "Veraneio" dava um livro, tamanha quantidade de histórias que rendeu. Que fique registrado que me divirto cada vez mais, não importa o que aconteça, ou que eu não me lembre muito bem!!!

Pra fazer um resumo e não perder o hábito de listar e classificar tudo, seguem minhas indicações particulares para os "Top Five" dessa estação:

1. Meu escritório é na praia: Rosa
Não sei se é só comigo, mas defendo que aquela praia é um portal perdido. TUDO pode e acontece por lá...
2. Pé na estrada: Santa Maria
Alguém por favor me impeça de ir para essa cidade mais vezes! Não sei se posso suportar o impacto físico e psicológico...
3. Deixe que digam, que pensem, que falem: Gente da minha idade é MUIIIIITO chata!
Estou eliminando oficialmente uma década da minha idade pra poder me divertir mais sem ter que dar satisfação!!! E defendo que Balzac tem aplicação apenas na visão masculina...
4. Se ELE dança, eu danço: Warung, na Brava de Itajaí
Que me perdoem a ignorância, mas descobri o lugar esse ano e até agora estou apava com a visão do sol subindo no fim da pista... Me acabei dançando e ainda quero descobrir da onde vinha tanto homem bonito e onde eles se escondem durante o ano.
5. Vai tocar no meu radinho:

I believe in the wonder
I believe this new life do can
Like a God that I'm under

There's drugs running through my veins

I believe in the wonder
I believe I can touch the flame
There's a spell that I'm under
Got to fly, I don't feel no shame

The world is mine
The world is mine
The world is mine

I've lost my fear to war and peace
I don't mind that (the world is mine)
You take the price and realize
That to your eyes (the world is mine)

Take a look what you've started
In the world flashing from your eyes
And you know that you've got it
From the thunder you feel inside

I believe in the feeling
All the pain that you left to die
Believe in believing
In the life that you give to try

The World Is Mine - David Guetta

Mais ou menos como disse um amigo: "Agora começa aquele insuportável intervalo entre a Quarta-Feira da Cinzas e as festas de Final de Ano..."

09 março 2006

Quinta feira, 10 hs.

Começei a Oficina Literária do Charles Kiefer hoje.
Final do ano concorrerei ao Nobel de Literatura...
Por hora, tema-de-casa.
...

Olinto era meu avô.
Do alto dos meus dois anos de idade parecia um gigante.
Ele, todo pernas e braços que não se acabavam, enroscado junto ao fogão à lenha, chupando um mate. Eu, toda teimosia e manha, rainha pingo de gente, aproveitando-me da condescendência de minha avó.
"Quero colo!" reinava sempre na volta dos passeios, e sentava no chão desafiando a negativa. Como resposta duas mãos de ferro, uma num pé, outra num braço e a birrenta retornava arrastada para casa.
De poucas palavras, gastou algumas tentando me convencer a sair cedo da cama: "Se tu te levantar antes, pode dar uns mergulhos...", dizia com um ar misterioso.

E então, inventava a lenda de um mecanismo mágico que, fantasticamente, trabalhava para substituir a horta do fundo da casa por uma refrescante e límpida piscina. Mas somente para quem estava de pé já no começo das manhãs!

Pensando agora, acho que sempre foi um guri.
Me ensinou a andar de bicicleta sem rodinha, correndo atrás de mim na frente da casa. "Me segura, vô!!!!" e quando eu via ele já tinha soltado...
Soltava pipa para mim, porque eu nunca entendi como - guria de carpete.
Da porta da frente, eu cansava assistindo ele e o machado, produzindo lenha pro forno da D. Elocy em montanhas.
Comia açúcar cristal direto do açucareiro, de colherada, para "adoçar a boca".
Arranjou namorada trinta anos mais nova, pouco depois de enviuvar, e era o homem mais bonito no casamento do primo Lúcio, com as meias combinando com o lenço da lapela.

Quando ele foi eu estava na cidade a trabalho.
A notícia fazia sentido, mas eu demorei a acreditar.
De uma realidade paralela, acompanhei os preparativos para o enterro.
No caixão não tinha gigante nem guri.
Não chorei, mas me recusei ir ao cemitério.
Fiquei na casa, fui ao quintal e procurei a piscina...


Corrigido em 24/03
...

Putz, tomara que eu aprenda alguma coisa...

27 fevereiro 2006

Fix ME...

Mal-humorada, arrogante, prepotente, impaciente, grosseira, intransigente...
Não é fácil ser meu amigo.
Meus sinceros agradecimentos aos que veem porque e insistem.
Os meus são os melhores...

"When you try your best, but you don't succeed
When you get what you want, but not what you need
When you feel so tired, but you can't sleep
Stuck in reverse

When the tears come streaming down your face
When you lose something you can't replace
When you love someone, but it goes to waste
Could it be worse?

Lights will guide you home
And ignite your bones
And I will try to fix you

And high up above or down below
When you're too in love to let it go
If you never try, then you'll never know
Just what you're worth (...)"


Fix you - Coldplay

21 fevereiro 2006

Indie Rock´n´Roll



"I believe in you and me
I'm coming to find you
If it takes me all night
Wrong until you make it
And I won't forget you
At least I'll try
And run, and run tonight
Everything will be alright (...)"

Everything Will Be Alright - The Killers

Acontece para me provar que é possível ou pra mostrar que ainda não chegou a hora?

14 fevereiro 2006

O tempo é o senhor da razão...

...mas, ás vezes não.

Veio de um enlatado americano uma revelação que ainda me perturba nesses dias que deviam ser só sobre guarda-sol e milho verde.

Legista e heroína do seriado: "I´m really sorry for your loss... Were you very close to her?"

Amante da falecida - traduzida pra não ficar pedante: "Você já teve alguém na sua vida, que encontrou quando não estava mais procurando e que te fez tão feliz como nunca você pensou que poderia ser, e transformou cada momento de vocês juntos em pura felicidade?"

Resposta da legista procurando um buraco pra se enterrar:
"I guess I´ve never been that lucky..."

08 fevereiro 2006

Histórias pra contar

Momento I- Outubro de 2004

Início do inverno britânico. Será que rola de eu ficar aqui?
E-mail semi-desesperado para o Brasil pedindo aos amigos do outro lado do oceano uma indicação de alguém que estivesse em Londres e pudesse me dar uma força, pra arranjar um trampo ou um lugar pra ficar...
A esperança vem na resposta de uma amiga dizendo: "Tenho uma amiga que está morando aí com o namorado sul-africano...".
E-mail vai, e-mail vem e a combinação, "Eu preciso encontrar outra guria também, vamos todas nos encontrar no Brazil by kilo (onde se reuniria nós e a torcida do Flamengo que mora em Londres...), vou estar de chapeú marrom!".

Duas semanas depois, eu, o "chapéu marrom" e a "outra guria" já somos as melhores amigas em Londres...


(Bel, Eu e Lauren - curtindo um "happy hour" em Angel - 26/10/04)

Momento II - Fevereiro de 2006

Verão bombando em Porto Alegre... O que se tem pra fazer por aqui?
O tempo passou, o mundo deu voltas, mas aqui é nossa casa e rola o telefonema no final de tarde, quase um apelo, pelamordedeus, a gente TEM QUE se encontrar.
Horas de ti-ti-ti no telefone terminam com a pergunta despretenciosa: "Que tu vai fazer hoje, quem sabe a gente toma um café?"
A amiga, uma senhora respeitável, recém-casada com um europeu "Ah, eu tava afim de tomar uma ceva na Cidade Baixa..." .

Sete horas depois e a gente ainda tem assunto...


(Bel, Lauren e Eu - tomando uma "Original" no Ossip - 07/02/2006)

Muita, mas muita alegria e parceria entre um momento e outro.

02 fevereiro 2006

We are family

Férias familião: uma semana em Floripa com Mami e parte do clã Moschetta.
Lições para toda uma vida...

1. Revivi experiências de infância e praia farofenta enterrando meu priminho Lorenzo nas areias da Praia do Forte... Ridículo, mas acredito cada vez mais que os sem-noção são as pessoas felizes.

2. Observando o shopping á ceu aberto que os ambulantes transformaram a orla marítima, sempre me perguntei quem, em nome de Deus e do bom senso, compraria um cabideiro na beira da praia... Sei agora que tudo é possível nas férias de verão, porque registrei o fato bizarro que ocorreu diante de meus olhos chocados e incrédulos, protagonizado por meu primo Fábio. Que ainda pechincou o preço e arrematou a peça por vintão.

3. Aprendi a importância da linguagem corporal nos cruzamentos de Florianópolis. Minha tia Sônia mostrou-me como é importante sorrir - também com os olhos, e mostrar as palmas das mãos e os pulsos, sempre. Passa uma imagem positiva e simpática, que abre os caminhos. Mas, no caso específico, também é bom dar sinal antes de entrar...

4. Quem sai aos seus não degenera, até porque não adianta ir contra a genética e suas origens. Nós somos versões atualizadas de nossos pais e parentes e não há nada - além de certa profilaxia e cuidados estéticos, para evitar o inexorável: aquela senhora que tem surto senis e ignora seus pneuzinhos bronzeado-se alegremente de biquíni de lacinho vai aparecer no meu espelho um dia...

25 janeiro 2006

Voltaremos!

Reclamam que eu não escrevo mais como eu escrevia...

"Eu não bebo mais como eu bebia.
Eu já não faço mais as coisas que fiz um dia
Mas nem por isso eu esqueci aquilo tudo que eu vivi
Eu não bebo mais como eu bebia.
Eu não faço mais o que eu fazia
Mas mesmo assim...
Eu não te esqueci"

Anyway...
Prometo, a mim, que voltarei a escrever.
Assim que voltar a pensar.
Por enquanto - uma imagem valerá mais do que mil palavras.


(Sim, tem essa foto no flog do Gab., mas é minha!!!! - Gabs - Quinta)

24 janeiro 2006

But I Still Haven´t Found...



Vai saber...

Não sei se é a época do ano - pós Natal e Ano Novo, já que a estação não deve ser, considerando-se que pra mim já foi Inverno e Verão.
Mas as coisas ficam (semi) fora do controle por um bom período depois da virada...
Tudo acontecendo meio embolado e eu tonta, no meio da confusão.

Eu parei de tentar entender as pessoas. Estou tentando compreender o que quer essa maluca que eu vejo no espelho...

20 janeiro 2006

For a less ordinary life...


(Gab., eu e Fefo - Quinta - Santa Maria)

Ontem acordei e pensei:
Mais um dia mais ou menos...

QUE ENGANO!!!!

18 janeiro 2006

16 janeiro 2006

Quantas fotos minhas e da Leonora eu posso postar aqui?

(Eu, Leonora e amigo canadense - Bali Hai - Sábado )
(Foto original censurada... Ninguém merece!)


As fotos são muitas, e as possibilidades INFINITAS!!!!

Sim, pessoas surgem do além na minha vida - vindas do túnel do tempo, outras dimensões ou outros países.
O portal perdido está no Rosa...

(Notem a cara do segurança! Eu acho que ele sabe de alguma coisa!!!!)

11 janeiro 2006

Burra sou eu...


(Espertinho curtindo uma praia em Paros, na Grécia)

Ficar em Porto Alegre com esse calor, ninguém merece...

Rosa esse finde?

09 janeiro 2006

IMPRESSÕES DE UM UNIVERSO PARALELO - Prefácio

Voltei. Parece...

Corpo (semi) presente, mente e alma ainda do outro lado do portal.
Cheguei a conclusão de que o Rosa não existe.
É um mundo a parte, com seus personagens e roteiros inusitados.

Muitas histórias.
( Pra contar aos poucos...)


Eu e Leonora - Iluminadas em 2006
(Barra da Ferrugem - Reveillon)
Eu já vi tanta coisa e ainda resta tudo pra ser visto. Queria te falar e falo, mas acho que é mais fácil de ser compreendida escrevendo. O tempo passa mais devagar que a velocidade do meu pensamento. Eu parei, mas a minha busca continua indo. Só ainda não sei onde....